quarta-feira, 16 de julho de 2014

Mudança de blog

Este blog ficou muito confuso, por este motivo resolvi trocar de blog. O endereço novo é: identidadecultural-ufabc@blogspot.com

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Aviso: Mudança de tema

Inicialmente, me propus a escrever sobre a imigração portuguesa, especificamente dos Açores, para o Brasil no século XX, entretanto passei a me interessar mais por outros temas, então vou escrever um pouco sobre cada um deles para me decidir.

sábado, 5 de julho de 2014

Ideias aleatórias

Acordei pensando sobre o conceito de progresso e o último post que escrevi. Nele disse que quando nos isolamos num grupo que possui as mesmas ideias e ideais, que concordam e discordam sobre as mesmas coisas, as ideias não evoluem. Mais do que isso, deixamos de ver aspectos importantes sobre o mesmo assunto, e agimos de forma meio cega.
No limite, todos somos humanos e só humanos se comunicam entre si, então, por maiores que sejam as nossas diferenças, devemos concordar em alguns pontos, não exatamente de forma consciente, necessariamente. 
Uma das coisas que pensei, dentro da sociedade moderna ocidental, é que o nosso progresso ainda é sustentado pela ideia de que a natureza esta submetida a vontade humana, como se não fossemos também integrantes da natureza, do ecossistema.
Apesar da discussão sobre desenvolvimento e sustentabilidade, as ações se mantêm com esta base já que deve haver crescimento econômico concomitante ao desenvolvimento econômico, que inclui melhores condições de vida para a população geral, e para isso utilizamos recursos naturais além da capacidade de reposição. 

No próximo post falarei sobre o livro do Marcuse "Progresso Social e Liberdade", tentando relacionar com essas ideias que tive.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Aula de Identidade e Cultura da primeira semana de julho de 2014, terça-feira.

Abri este parênteses no tema do blog para comentar inquietações.

Alguns temas levantados em aula hoje foram interessantes e me fizeram refletir, principalmente no que se trata das relações de aprendizado dos discentes, relações de poder perpetuadas em sala e como cada um de nós se comporta frente a informação, a estrutura escolar.

Atualmente, a maioria das instituições de educação, pensando em São Paulo, capital, e não apenas as escolas fundamentais, ignorando o ensino infantil, que ainda não é considerado fundamental, tem uma organização pouco flexível. Discussões não são estimuladas, nem a reflexão dos discentes, nem a capacidade argumentativa. Apesar do PCN, citado em aula, que traz orientações, como na matemática por exemplo, de deixar que a criança desenvolva seu raciocínio, sem utilizar um método pronto, como contas de armar por exemplo, não tem sido aplicado com eficácia, não apenas pelas condições ruins de ensino, e muito menos por falta de preparo dos professores, que muitas vezes tem que ceder a pressões externas. Há uma cultura de ver no caderno o que o aluno produziu, há a cobrança por notas e provas, porque os próprios responsáveis pelas crianças não visualizam como pode uma curiosidade infantil levar ao desenvolvimento de todas as áreas da inteligência humana de uma forma mais livre, integrada e humana, sendo o professor um mediador e não um ditador.
Isso também é um pouco difícil de se imaginar dada a quantidade de alunos por sala.
Logo, o privilégio de ter acesso ao construtivismo se restringe a uma elite.

Cursei pedagogia na PUC e estava sendo formada para dar aula para esta elite, mas optei por fazer estágio em escolas públicas, e percebi que apesar de todo o idealismo no meu coração o que acontecia era uma reprodução de padrões, tanto na aplicação dos parâmetros curriculares, que muitas vezes não eram seguidos não por desconhecimento dos professores e administradores, mas por questões práticas, e isso atingindo a maioria, as classes mais baixas, como também a existência realmente de escolas que formam alunos mais reflexivos e independentes, mas dedicadas a um público muito menos abrangente. Claro que sempre há exceções.

Sendo o blog livre, resolvi expor aqui minha trajetória:
claro que o desinteresse na maioria da turma é algo ruim. Mas fomos educados para isso. Não estou defendendo.
Eu sempre fui uma pessoa curiosa e absurdamente crítica, considerada chata muitas vezes por isso.
Fui educada num colégio católico e aos 6 anos me questionava, de forma infantil e rudimentar, como seria possível haver um deus, porque se ele havia criado tudo, quem o havia criado? Foi uma das minhas dúvidas mais inquietantes, e por isso nunca esqueci dela.
Não tive respostas para ela, tive ameaças.
Eu gostava de brincar de massinha, como toda criança, e na casa da minha avó tinha/tem lage, e eu largava as massinhas lá, e notei que, independente de estar na sombra ou no sol, a preta sempre estava mais quente que a branca. Na época já havia desistido de questionar adultos, e devia ter uns 7 ou 8 anos, então comecei a procurar explicações por mim mesma. Na escola era exatamente igual. Qualquer dúvida, tentava entender sozinha, porque em sala as crianças que questionavam eram hostilizadas pelos próprios colegas.
Tinha muitas dúvidas, e muitas inquietações, e mesmo angústias, porque até dentro do meu círculo de convivência ninguém se interessava pelos mesmos assuntos que eu. Ninguém, absolutamente. Exceto música.
Então, comecei a me isolar um pouco, passei a maioria dos intervalos da minha vida na biblioteca, lendo, ou invadindo a quadra vazia pra ficar escrevendo e desenhando.
Tomei gosto pelos livros.
Mais um episódio simbólico: aos 13, 14 anos, fui fazer compras com minha mãe no Extra. Já havia na época aqueles livros de edições mais baratas, e um deles, que eu queria muito, era "A lira dos vinte anos", e custava menos que R$10. Minha mãe se negou a comprar.
Aceitei.
No mesmo dia, pedi um batom. Custava mais do que R$10, me lembro bem. Pedi, e ela resolveu comprar, porque eu deveria "ser mais vaidosa", era muito "desleixada", me comportava "como um menino" e eu era "uma mocinha!!".
No caminho do caixa, pedi para trocar e consegui fazer ela perceber que o livro era mais importante que o batom, pra mim, e ela aceitou.
Mas o que estava sendo ensinado para mim naquele momento? Teria sido diferente se desde o começo eu não fosse uma pessoa tão teimosa? E se eu me preocupasse mais em agradar e estar dentro dos padrões do que em seguir os meus princípios?
Eu sei que não fui a única a passar por isso. Sei que o conhecimento não é valorizado, e muito menos atitudes críticas.
Na universidade vejo com uma frequência assustadora pessoas criando problemas pessoais porque tem divergências de pensamentos. Não me parece saudável, nem produtivo, já que isso cria uma tendência a cada um se isolar num grupinho que pensa igual, e assim o pensamento não se aperfeiçoa, porque não há crítica.

Todo esse desabafo foi para mostrar que as condições não são de igualdade, e nem são melhores aqueles que tem essas habilidades reflexivas. Estes são criados para suprir uma demanda. Para todos os outros existe outra demanda.
Acontece que nem todas as pessoas se adaptam bem as demandas para as quais são "selecionadas".
Só estou escrevendo este texto justamente porque não me adaptei bem, como pode-se notar pelos relatos acima. E aí chegamos na universidade e os que se adaptaram bem a essa realidade são colocados de frente com algo novo: devem tomar iniciativa, manifestar uma curiosidade que já tiveram mas que foi totalmente sufocada, contida, através de medo e de insegurança, por coação social parece.

Não vai ser mais uma ameaça, a de concorrência no mercado de trabalho com pessoas mais pró-ativas, que vai estimular alguém a mudar.
Aliás, melhor incentivar a cooperação e não a competição.

O objetivo não é competir com o outro para saber quem é o melhor para ser mais explorado por alguma instituição, e sim o trabalho a ser desenvolvido através destas instituições e para a sociedade, senão qual o sentido da interdisciplinariedade?

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Sobre os palhaços:

Houve o questionamento, em sala, sobre o que pensamentos dos palhaços, então respondo aqui porque não tive coragem de comentar em classe porque já sabia que tipos de comentários ia gerar.

Bom, eles abordaram um tema bastante sério (sustentabilidade e meio-ambiente) sem seriedade alguma. Colocaram o problema, que todos ali na sala já conhecem, até porque "desenvolvimento e sustentabilidade" esta no quadrimestre ideal e a maioria das pessoas segue o quadrimestre ideal, como se se resumisse a redução dos níveis de consumo e destinação dos resíduos sólidos. Talvez tenham falado algo sobre o consumo de água, não lembro. São pelo menos 3 temas ai, englobados em "sustentabilidade e meio-ambiente". Mas até aí tudo bem, partidos fazem isso na TV com a maior cara de pau, como se fossem capazes de oferecer alguma solução viável.

Mas no meio da apresentação eles:
utilizaram o corpo da mulher como exemplo, falando "celulite é gostosura em braile"
invadiram o espaço de dois meninos, sendo que um foi abraçado e beijado, e outro foi chamado de "feio"
e o pior de tudo: "somos palhaços, não precisa ter medo, aqui ninguém é tarado não, SÓ NAS HORAS VAGAS".

Desculpa, isso é demais para mim.

Não basta ser superficial e tratar um público universitário como se tratam crianças de 2 anos.
Não basta expor pessoas, vulgarizar o corpo da mulher, tem que banalizar a gravidade do que é um "tarado" também.

É isso.

Fim do parênteses.